O GOETHEANUM
O Goetheanum, o centro antroposófico em Dornach, foi o local da estréia mundial do Fausto de Goethe (Parte I e II) em 1938. Até hoje, Faust é regularmente encenado no prédio não convencional da década de 1920. Com duas etapas, blibioteca, auditório e inúmeros espaços para eventos, o Goetheanum é uma casa de cultura, ciência e espiritualidade nos arredores de Basel. Todos os anos, centenas de reuniões, conferências, visitas guiadas e presentações de teatro acontecem aqui.
O Goetheanum é um marco arquitetônico, marcando o primeiro uso do concreto para construir um edifício esculturalmente formado com tamanha imponencia. No entanto, os horizontes de Steiner foram muito além da arquitetura e do design. Rudolf Steiner (1861 - 1925) foi um dos mais influentes reformadores do século XX. Ele inspirou artistas como Piet Mondrian, Wassily Kandinsky e Joseph Beuys e é considerado um dos principais iniciadores da arquitetura orgânica além de participar ativamente das primeiras etapas do movimento de Bauhaus. Em seus arquivos constam diversas cartas escritas para Steiner por Franz Kafka, Piet Mondrian, Rosa de Luxemburgo e Else Lasker-Schüler. Os primeiros filmes e obras expressionistas de Wassily Kandinsky, Lyonel Feininger, Erich Mendelsohn, Bruno Taut e Frank Lloyd Wright ilustraram a influência recíproca e vital entre Steiner e os contemporâneos notáveis. A conexão entre Steiner e designers contemporâneos também foi documentada, como obras de Olafur Eliasson, Konstantin Grcic e Ronan & Erwan Bouroullec. O atual edifício foi construído em concreto sem um único ângulo reto. Foi projetado por Rudolf Steiner e nomeado em homenagem a Johann Wolfgang Von Goethe. O edifício é encaixado lindamente na paisagem. É, no entanto uma estrutura imponente com um telhado amplamente desenhado e único. Juntamente com um extenso parque e edifícios adicionais, forma um complexo harmonioso na paisagem Suiça.
Ao se referir às formas do Goetheanum, Rudolf Steiner negou uma relação mimética com a natureza: "As formas vistas não devem ser entendidas como imitações naturalistas de algum tipo de vida externa ou forma sem vida", escreveu ele. O edifício é o resultado de processos metamórficos. O Goetheanum anterior era uma estrutura de cúpula de madeira cujas fundações foram estabelecidas em setembro de 1913, e que sofreu um incêndio criminoso na véspera de Ano Novo de 1922. O edifício atual é seu sucessor e, como tal, seu memorial. O fato de ter sido imaginado pela mesma pessoa, que desenvolveu, entre outras teorias, uma teoria
da arquitetura, prova a continuidade básica entre as duas estruturas: uma "reconstrução" conceitual, mas não literal.
Steiner, o fundador da Antroposofia, movimento dedicado à relação do homem com o Cosmos e o mundo espiritual, associou o primeiro edifício ao idealismo dos inícios. Segundo Steiner, o segundo edifício não se destinava apenas a ser produto do luto, mas também um documento do desenvolvimento do movimento desde a época de sua fundação e início. Em uma palestra sobre as raízes comuns das formas do primeiro edifício de Goetheanum e o motivo de encanto com a arquitetura grega, Steiner rejeitou a teoria de ser uma "imitação de encanto"; ele na verdade estava propondo a "transformação de uma antiga energia solar". No caso do Goetheanum, isto significa abandonar uma aparência das formas estáticas por uma questão de diferenciação: no leste, a aparência é mais pesada, impactando certa pressão na massa das duas asas laterais, enquanto no oeste, as fachadas mostram uma fisionomia mais refinada, com laterais apoiando e desprendendo do volume principal, como se a massa passasse por um processo evolutivo do rudimentar ao articulado, do estado bruto à forma lapidada . Assim Steiner define o espírito da obra : "O pesado corpo de concreto do Goetheanum, ele mesmo é um marco, funciona como uma espécie de molde, envolvendo a memória de seu antecessor incendiado, absorvendo a atenção do observador e por sua vez, formando um sentido existencial a quem o observa e o adentra".